A videoendoscopia do ouvido é uma técnica avançada de diagnóstico que permite a visualização detalhada do canal auditivo e da membrana timpânica dos cães, facilitando a avaliação minuciosa de alterações anatômicas, inflamatórias, infecciosas e neoplásicas. Por meio de um instrumentário óptico especializado, o médico veterinário consegue identificar com precisão a causa das otites e outras patologias auriculares que comprometem a saúde e o bem-estar do animal, fornecendo informações imprescindíveis para um tratamento eficaz e seguro. Além disso, a videoendoscopia promove uma abordagem minimamente invasiva, reduzindo o desconforto do pet e ajudando a esclarecer dúvidas dos tutores, servindo como importante recurso educacional e clínico.

O exame de videoendoscopia consiste na inserção de uma microcâmera de alta resolução (endoscópio rígido ou flexível) no canal auditivo externo do cão, permitindo que o veterinário visualize estruturas internas com ampliação significativa e iluminação adequada. Essa técnica supera as limitações do otoscópio tradicional, cujo campo de visão é restrito e depende da transparência do canal e da cooperação do animal. A videoendoscopia capta imagens em tempo real, que podem ser gravadas para análise detalhada e acompanhamento do quadro clínico.
O equipamento básico inclui o endoscópio, que pode ter diferentes diâmetros e comprimentos, fonte de luz fria, monitor e sistema de gravação. O exame é realizado sob sedação leve ou anestesia geral, conforme a necessidade e o grau de desconforto do paciente, garantindo segurança e imobilização para manuseio preciso. A canalização do exame é feita cuidadosamente para evitar traumatismos no conduto auditivo. No campo visual, é possível avaliar características vitais do ouvido médio e externo, incluindo o estado da membrana timpânica.
Além da visualização ampliada, a videoendoscopia permite a identificação precoce de lesões superficiais e profundas, auxílio na coleta de amostras para citologia, cultura e biópsia, e melhoria na orientação terapêutica personalizada. Para o tutor, o exame é um ponto de contato importante na compreensão do problema, visto que as imagens podem ser exibidas, esclarecendo a gravidade e ressaltando a importância do tratamento.
Compreender as causas das patologias auditivas auxilia na escolha dos exames complementares fundamentais e na interpretação criteriosa das imagens obtidas por videoendoscopia. As otites em cães são multifatoriais, envolvendo interação entre predisposição anatômica, condições ambientais, agentes infecciosos e fatores sistêmicos.
O canal auditivo externo canino é em forma de "L" com uma porção vertical e outra horizontal, revestido por epitélio ciliado e glândulas sebáceas e ceruminosas. Raças com orelhas pendulares (Cocker Spaniel, Basset Hound) e pele úmida no conduto são mais suscetíveis a processos inflamatórios e infecções. Alterações anatômicas como estenose, cerume acumulado ou corpos estranhos interferem na ventilação e drenagem do ouvido, predispondo a otites crônicas.
Bactérias: Staphylococcus spp., Pseudomonas aeruginosa e Proteus são comuns em otites secundárias. Leveduras, especialmente Malassezia pachydermatis, proliferam em ambientes úmidos e favorecem processos inflamatórios. Parasitas como otodectes cynotis podem causar otite externa primária. Fatores alérgicos (atopia, dermatite alimentar) e hormonais (hipotireoidismo) contribuem para alterações auriculares persistentes e recorrentes.
Antes de se aprofundar no exame videoendoscópico, é essencial correlacionar os sinais clínicos observados pelo tutor e identificación pelo veterinário. Estes sintomas indicam a necessidade de uma investigação detalhada da anatomia e fisiologia auricular, principalmente em casos persistentes ou recorrentes.
O paciente pode apresentar coceira intensa ( prurido auricular), sacudir a cabeça frequentemente, mancar e até adquirir comportamentos agressivos devido ao incômodo persistente. A dor auricular é um sinal que exige avaliação cuidadosa para descartar otites médias graves e abscessos.
Secreção amarelada, esverdeada ou escura com odor fétido são indicativos de infecções bacterianas ou fúngicas, podendo evoluir para otites crônicas com destruição óssea. O acúmulo do cerume grosso ou a presença de corpos estranhos também podem ser visualizados por videoendoscopia e explicam a sintomatologia.
Perda de audição pode ser sutil em processos crônicos mas, quando presente, altera a comunicação do animal e sua relação com o ambiente, podendo levar ao isolamento e atitudes apáticas, prejudicando a qualidade de vida.
A anamnese detalhada associada ao exame físico completo é o ponto de partida para o diagnóstico diferencial dos quadros auriculares. A videoendoscopia, ao permitir uma avaliação visual aprofundada, é um exame crucial para completar o diagnóstico, servir de base para outras análises laboratoriais e planejar o tratamento.
Antes da videoendoscopia, o veterinário realiza inspeção externa das orelhas, palpação e exame otoscópico. Sensibilidade à dor, presença de signos inflamatórios e características da secreção orientam sobre os prováveis agentes envolvidos e a gravidade do processo.
Este exame possibilita a documentação de alterações morfológicas na epiderme, invasão de agentes infecciosos, presença de massas, polipos, corpos estranhos ou granulomas. Também permite aferir o estado da membrana timpânica, que é crucial para definir o comprometimento do ouvido médio. Em casos de perfuração, a videoendoscopia evita manipulações agressivas que poderiam agravar a inflamação.

Coleta de material para citologia direta, cultura bacteriana e fungicultura são procedimentos complementares essenciais para identificação do agente etiológico e sensibilidade antimicrobiana, sempre indicados após inspeção videoendoscópica para garantir amostragem precisa. Em casos suspeitos de doenças crônicas ou sistêmicas, exames hematológicos e bioquímicos ampliam a compreensão clínica.
O tratamento é multidimensional e deve ser individualizado, considerando os fatores predisponentes e as lesões detectadas na videoendoscopia para assegurar eficácia e prevenir recidivas. A conduta requer orientação veterinária rigorosa e acompanhamento contínuo.
O uso de medicamentos tópicos (antibióticos, antifúngicos, anti-inflamatórios) deve ser indicado com base nos resultados da videoendoscopia e exames laboratoriais para evitar uso inadequado e resistência microbiana. A administração sistêmica é indicada em otites médias ou complicações sistêmicas, sempre sob prescrição médica. É fundamental informar ao tutor sobre a importância da administração correta e o risco do uso indiscriminado.
Procedimentos de limpeza são fundamentais para remoção do excesso de cerume e secreção, facilitando a ação dos fármacos. A videoendoscopia pode ser empregada para guiar a limpeza mecânica no consultório, poupando o animal e evitando traumas. O tutor deve ser orientado a não introduzir objetos no canal auditivo nem realizar limpezas sem supervisão vet, para evitar perfuração da membrana timpânica.
Em casos refratários e alterações anatômicas severas, como tumores ou estenoses, a cirurgia pode ser necessária. A videoendoscopia torna-se ferramenta valiosa para planejamento pré-operatório e avaliação da resposta pós-cirúrgica. O acompanhamento pós-operatório inclui novas videoendoscopias para monitorar cicatrização e evitar sequelas permanentes.
Prevenir otites e outras afecções auriculares significa manter a integridade da barreira natural do ouvido e tratar precocemente quaisquer sinais identificados. A videoendoscopia reforça a necessidade de prevenção ao permitir a descoberta de alterações iniciais invisíveis à inspeção superficial.
O tutor deve realizar limpeza periódica conforme orientação veterinária utilizando produtos específicos e não irritantes, respeitando o pH auricular e evitando excessos. A frequência da higiene depende da raça, predisposição individual e condições ambientais. Evitar exposição constante à umidade, como banhos excessivos simultâneos é recomendação habitual.
Visitas regulares ao veterinário para exames auditivos, preferencialmente com avaliação por videoendoscopia quando indicado, são essenciais para detectar alterações subclínicas e prevenir a progressão para quadros dolorosos e crônicos. Manter o controle de doenças alérgicas sistêmicas auxilia na proteção auricular contínua.
O prognóstico depende da causa, tempo de evolução e resposta ao tratamento. Em estágios iniciais, a recuperação é rápida e integral com o manejo adequado. No entanto, otites crônicas, mal diagnosticadas ou tratadas inadequadamente, podem evoluir para destruição do canal auditivo, perda auditiva irreversível e complicações sistêmicas.
A videoendoscopia oferece um diagnóstico precoce e preciso, fator chave para a melhora do prognóstico, evitando que quadros agudos progridam para cronicidade. Devido à sensibilidade do ouvido, qualquer tratamento deve ser revisado periodicamente para impedir recaídas e sequelas.
O controle adequado das patologias auriculares e o uso informado da videoendoscopia contribuem diretamente para restabelecer o conforto, o comportamento natural e a interação social do cão, fatores essenciais para o bem-estar animal e o vínculo com o tutor.
A videoendoscopia do ouvido representa um avanço crucial para o diagnóstico e manejo das doenças auriculares em cães, permitindo intervenções médicas direcionadas que promovem alívio do desconforto, prevenção de complicações graves e recuperação da qualidade de vida do animal. Se seu cão apresenta sinais como coceira intensa, secreção anormal, odor desagradável, dor ou alteração comportamental, é imprescindível buscar avaliação veterinária especializada que contemple esta técnica diagnóstica.
Tutores devem ficar atentos a sinais de alerta como sacudir a cabeça com frequência, sinais de dor ao toque, febre associada e perda auditiva progressiva, e não tentar tratamentos caseiros sem orientação profissional, dado o risco de agravar processos infecciosos e lesões estruturais.
Para prevenção, mantenha uma rotina de higiene auricular adequada às características do seu cão, evitando umidade excessiva e traumas locais. Agende consultas de rotina para avaliação e limpeza profissional, e solicite a videoendoscopia sempre que houver repetição ou piora dos sintomas para monitoramento minucioso.
Reforçamos a importância do vínculo com um médico veterinário de confiança, capacitado e atualizado nas diretrizes do CFMV e protocolos internacionais de dermatologia veterinária. Exames laboratoriais especializados realizados em laboratórios de referência, como o Gold Lab Vet, são indispensáveis para um diagnóstico preciso e a melhor estratégia terapêutica. Assim, é possível juntos proporcionar uma vida saudável e feliz ao seu companheiro.