A rotina de higiene do ouvido em cães é um componente fundamental para a manutenção da saúde auricular, prevenindo o desenvolvimento de otites e outras complicações que afetam o conforto e a qualidade de vida do animal. Considerando a complexidade da anatomia do ouvido canino e sua predisposição a infecções, a limpeza correta e periódica é essencial, sobretudo em raças com conformações auriculares específicas ou em animais que apresentam histórico prévio de otites. A rotina adequada de higienização não apenas auxilia na remoção de cerumen e detritos, mas também contribui para a prevenção de ambientes propícios ao crescimento de microrganismos patogênicos, aumentando o bem-estar do pet e trazendo tranquilidade para os tutores.
A higiene auricular consiste no cuidado regular e sistemático da orelha externa do cão, com o objetivo de manter o canal auditivo limpo e saudável. O ouvido canino é formado por uma delicada e complexa estrutura composta pelo pavilhão auricular, o canal auditivo vertical e horizontal, e a membrana timpânica, todos suscetíveis a inflamações quando há acúmulo de resíduos orgânicos ou agentes infecciosos. A rotina higiene ouvido previne o acúmulo exagerado de cerúmen – substância natural que protege o ouvido – e a infiltração de sujeira, evitando assim o desenvolvimento de ambientes anaeróbicos que facilitam a proliferação de bactérias, leveduras e parasitas, como ácaros.
O ouvido do cão possui particularidades anatômicas que influenciam diretamente a abordagem da higiene. O canal auditivo é longo e em formato de L, composto por uma porção vertical e outra horizontal, cuja conformação pode variar entre raças. Em cães de orelhas caídas (chamadas de “orelha pendente”), como Cocker Spaniel, a ventilação é menor, elevando o risco de umidade e infecções. Já em cães com orelhas eretas, como Pastor Alemão, a ventilação é mais eficaz, porém não elimina a necessidade de higienização. O pavilhão auricular, externo e visível, também deve ser inspeccionado e limpo para evitar acumulo de sujeira e resíduos.
Para compreender a importância da rotina higiene ouvido, é fundamental analisar os agentes causadores das principais patologias auriculares caninas, especialmente as otites. O cerúmen é produzido fisiologicamente para proteger o ouvido, mas quando em excesso, promove o ambiente ideal para o crescimento de microrganismos oportunistas.
A otite externa canina pode ser causada por agentes bacterianos (como Pseudomonas spp. e Staphylococcus spp.), fúngicos (frequentemente Malassezia pachydermatis) e parasitários (notadamente Otodectes cynotis). Além disso, fatores como alergias cutâneas (atopia, alergia alimentar), traumas, corpos estranhos e disfunções glandulares predispõem à inflamação e alterações na produção de cerúmen.
Ambientes úmidos, a frequência inadequada da limpeza e o uso de materiais impróprios podem favorecer o desenvolvimento dessas condições. Por isso, a rotina de higiene ouvido deve ser adaptada ao tipo de orelha, à condição clínica do cão e à indicação veterinária, visando desobstrução segura e prevenção de quadros infecciosos.
O tutor deve estar atento a sintomas que evidenciem desconforto auricular, facilitando o diagnóstico precoce de patologias e a orientação para higiene adequada.
Coceira intensa (prurido), sacudidas frequentes da cabeça, vermelhidão do pavilhão auricular, secreção anormal, odor desagradável e dor à manipulação são sinais comuns que indicam inflamação ou infecção, desencadeados por desequilíbrios no canal auditivo.
Em casos mais severos, ocorre edema, fechamento parcial do canal, formação de crostas e até o comprometimento da audição temporária. Ao observar esses sinais é imprescindível buscar atendimento veterinário imediatamente, pois o manejo caseiro inadequado pode agravar o quadro.
O exame impedanciometria veterinária clínico detalhado é a base para a avaliação do ouvido canino, complementado por técnicas diagnósticas específicas que permitem a identificação da causa e a escolha do tratamento ideal.
O médico veterinário realiza inspeção visual do pavilhão e canal auditivo, seguida de otoscopia para avaliar a integridade da pele, presença de corpos estranhos, quantidade e tipo de secreção, além da condição da membrana timpânica, ferramenta fundamental para orientar o diagnóstico e afastar patologias mais graves, como otites médias e internas.
A coleta de amostras para citologia é indispensável para identificar agentes infecciosos, sejam bactérias ou fungos, e o exame micológico ajuda a reconhecer leveduras. Culturas bacterianas e antibiogramas são necessários em casos recorrentes para determinar o agente causador e a sensibilidade aos antimicrobianos, otimizando o tratamento. Exames de imagem, como radiografias ou tomografias, podem ser indicados para investigação de envolvimento profundo, especialmente em otites crônicas ou quando há suspeita de lesão óssea.

Identificada a necessidade de intervenção, o tratamento da higiene do ouvido e das otites deve ser pautado pela segurança e eficácia, sempre supervisionado por médico veterinário para evitar lesões e o uso inadequado de medicamentos.

A higienização deve ser realizada com soluções otológicas específicas prescritas, que podem conter promotores da limpeza, agentes sebostáticos e componentes antimicrobianos, dependendo da causa do problema. A técnica consiste na aplicação suave do produto no canal auditivo externo, seguida de massagem da base da orelha para permitir a solubilização do cerúmen e secreções, evitando uso de cotonetes que podem causar trauma e compactação. Em animais com otites ativas, a limpeza é uma etapa complementar ao tratamento tópico e sistêmico.
A depender do diagnóstico, o tratamento pode incluir antibióticos tópicos ou sistêmicos, antifúngicos, anti-inflamatórios e antiparasitários. Cada protocolo é individualizado conforme a agente etiológico, extensão da lesão e resposta clínica. É fundamental o acompanhamento regular para ajustes terapêuticos e evitar resistência medicamentosa.
Remédios naturais ou caseiros para higiene auricular apresentam riscos consideráveis, incluindo agressão à mucosa e agravamento das infecções. As soluções caseiras podem alterar o pH do ouvido e piorar o quadro, reforçando a necessidade de orientação profissional antes de qualquer intervenção.
Estabelecida a importância do cuidado auricular, a prevenção é o pilar para evitar enfermidades que comprometem o bem-estar do cão e aumentam os custos e situações de estresse para o tutor.
A periodicidade da limpeza deve ser personalizada, avaliando-se raça, conformação auricular, predisposição a otites e hábitos do animal. Geralmente, uma higienização mensal é adequada para cães saudáveis, enquanto animais predispostos podem exigir intervalos menores, conforme recomendação veterinária.
Manter o ambiente limpo e seco, evitar exposição prolongada à umidade (banhos, natação), realizar secagem completa após estas atividades são medidas simples que diminuem o risco de infecções. Inspeções visuais regulares e a manutenção da higiene preventiva contribuem para a melhoria da qualidade de vida do pet.
O sucesso da rotina higiene ouvido está diretamente ligado à correta execução e continuidade dos cuidados, aliados à rápida identificação de alterações e busca por avaliação veterinária. Quadros de otite leve respondem bem às intervenções precoces, prevenindo evolução para processos crônicos que podem comprometer a audição e levar a procedimentos mais invasivos.
Manter o ouvido limpo evita desconforto, dor e complicações; a anatomia específica do canal auditivo requer técnicas delicadas; a presença de prurido, secreção anormal ou odor deve motivar consulta imediata; nunca realizar limpeza com objetos rígidos ou soluções não indicadas; exames laboratoriais como citologia e cultura guiam o tratamento adequado; acompanhamento veterinário é indispensável para ajustes terapêuticos e avaliação da resposta.
Observar sinais como coceira persistente, mudança na coloração ou odor do ouvido, aparência inchada ou dolorida devem motivar a visita ao veterinário. A higiene deve ser feita com produtos recomendados, sem excesso de frequência para não irritar a mucosa. O vínculo com um médico veterinário de confiança, aliado a exames complementares de alta qualidade, assegura o diagnóstico preciso e o melhor tratamento, promovendo o bem-estar e a longevidade do seu cão.