As atribuições da brigada de incêndio são essenciais para garantir a segurança de ocupantes, a preservação do patrimônio e a conformidade legal em edificações e áreas industriais. Essas funções, regulamentadas por normas como a NBR 15219 e a NR 23, compõem o núcleo operacional do sistema de proteção contra incêndios previsto no PPCI (Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios). A brigada de incêndio atua diretamente na identificação e mitigação de riscos, controle do fogo em fases iniciais, organização das evacuações e suporte ao trabalho do Corpo de Bombeiros, sendo peça-chave para reduzir danos materiais, preservar vidas e evitar passivos legais para as organizações.
As responsabilidades específicas da brigada de incêndio abrangem um amplo espectro, desde inspeções de rotina em equipamentos de combate ao fogo até o treinamento contínuo de seus integrantes e da população interna, contribuindo para que a resposta perante uma emergência seja rápida, coordenada e eficiente.
Para gestores de segurança, coordenadores da brigada e proprietários de edificações, compreender a fundo as atribuições da brigada é não apenas requisito para adequação às normas, mas uma estratégia pragmática para minimizar riscos, otimizar o uso dos recursos contra incêndios e assegurar o atendimento aos critérios para obtenção e renovação do AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros).
Ao longo deste artigo, serão abordados aspectos normativos, operacionais e práticos que envolvem as responsabilidades da brigada, destacando como seu papel traz benefícios concretos para a gestão de segurança contra incêndios, a operacionalização de emergências e a conformidade regulamentar.
Antes de avançarmos para as atribuições específicas, é fundamental compreender o contexto regulatório que fundamenta a organização e atuação da brigada, e como este embasamento técnico dialoga com as boas práticas de engenharia de segurança contra incêndio.
A organização, responsabilidades e treinamento da brigada de incêndio são definidos prioritariamente pela NBR 15219 (Brigada de Incêndio – Procedimento) e complementados pela NR 23 (Proteção Contra Incêndios, do Ministério do Trabalho e Emprego). Além disso, as instruções técnicas do Corpo de Bombeiros e o guia da ABRAPCI orientam requisitos específicos conforme o tipo de empreendimento, carga de fogo e dimensionamento da brigada.
A NBR 15219 manda que as brigadas sejam compostas por membros capacitados e capacitados, com número adequado previsto no PPCI. Também define as competências mínimas, procedimentos operacionais, uso correto dos equipamentos e estratégias de evacuação e combate inicial. A NR 23 reforça a obrigatoriedade da brigada em ambientes de trabalho, estabelecendo responsabilidades para prevenção, combate a princípios de incêndio e apoio ao socorro.
Esses documentos formam o arcabouço legal para gestão da brigada, que deve garantir a integridade das rotas de fuga, a funcionalidade dos dispositivos contra incêndio (extintores, hidrantes, sistemas de alarme e sprinkler system), além da conscientização dos usuários do ambiente por meio de treinamento e simulados.
A brigada atua como elo operacional do PPCI, sendo responsável por executar as medidas previstas, como inspeção de equipamentos de combate, monitoramento das condições das áreas de risco (como compartimentação e resistência ao fogo) e controle das cargas de incêndio. Seu trabalho garante a prontidão para emergência e contribui para que as ações em campo sejam efetivas desde o momento inicial.
As inspeções periódicas, relatórios e o cumprimento das rotinas recomendadas pela brigada são requisitos para a continuidade da validade do AVCB, documento essencial para o funcionamento legal das edificações. Assim, a brigada não só responde a emergências como também mantém a edificação em conformidade com o Corpo de Bombeiros, reduzindo riscos de penalidades e interrupção das atividades.
O engajamento da brigada também auxilia na interface com as equipes externas de socorro, acelerando a comunicação e otimizando as operações de combate a incêndios mais complexos, que ultrapassam a fase inicial controlada pela brigada.
Compreendendo o respaldo normativo e a conexão sistêmica entre brigada, PPCI e AVCB, é possível avançar para as responsabilidades específicas que garantem a efetividade da brigada no dia a dia das instalações.

Uma das principais funções da brigada é a execução de inspeções regulares para garantir o funcionamento adequado dos equipamentos de combate a incêndio e a integridade das condições físicas do local.
Essas inspeções permitem detecção precoce de falhas ou alterações que possam comprometer a segurança, permitindo correções antes do surgimento de uma emergência real. Além disso, a brigada registra essas atividades para compor relatórios técnicos essenciais para auditorias e para o processo de renovação do AVCB.
Na ocorrência de princípio de incêndio, a brigada tem o dever de agir imediatamente para controlar ou extinguir o fogo, evitando sua propagação. Essa atividade exige treinamento especializado, domínio dos equipamentos e entendimento das técnicas de combate conforme o tipo de fogo (classes A, B, C, D ou K).
As ações típicas incluem:
Essa atuação imediata faz a diferença na redução do impacto do sinistro, protegendo vidas e patrimônio, além de evitar consequências legais associadas a falhas no controle do foco inicial.
Guiar a evacuação segura é uma das atribuições da brigada de incêndio que exigem habilidades interrelacionais, capacidade de liderança e conhecimento profundo do layout do prédio, incluindo rotas de fuga, pontos de encontro ( assembly points) e condições ambientais.
Destacam-se tarefas como:
Além disso, a brigada deve promover, periodicamente, a realização de fire drills para capacitar todos os ocupantes a simularem o procedimento de evacuação, avaliando pontos de melhoria e promovendo correções no PSCIP.
Essa organização melhora a evacuação real, reduzindo tempo e riscos de acidentes durante situações críticas, e assegura conformidade com o estabelecido nas normas e regulamentações vigentes.
A próxima etapa trata da capacitação e treinamento da brigada, fundamentais para sustentar essas tarefas e garantir operacionalidade durante emergências.
Para desempenhar suas funções com excelência, os membros da brigada precisam passar por treinamentos iniciais e reciclagens periódicas, conforme determina a NBR 15219 e orientações da NR 23. O conteúdo básico abrange técnicas de prevenção, combate, primeiros socorros, práticas de evacuação, uso correto dos equipamentos e interpretação das sinalizações de emergência.
Os treinamentos mais eficientes aplicam metodologias teórico-práticas, combinando fundamentos técnicos com simulações realistas, o que facilita a absorção dos conteúdos e a preparação para situações imprevisíveis.
A reciclagem permanece indispensável para reforçar procedimentos, atualizar o time quanto a novas tecnologias (por exemplo, novos tipos de sprinkler system e dispositivos eletrônicos) e corrigir falhas detectadas em exercícios e auditorias.

Além da capacitação técnica, o sucesso da brigada depende do preparo psicológico dos seus integrantes para agir sob pressão. Situações de emergência provocam estresse, dúvidas e comportamentos de pânico. A brigada deve exercer liderança tranquila e segura, transmitindo controle para o restante dos ocupantes.
Treinamentos incluem técnicas de comunicação clara, manejo à resistência e orientação para acalmar pessoas em estado de ansiedade. Isto evita tumultos, lesões por correria e falhas na evacuação. A brigada atua como fonte segura de informações e representatividade da gestão de segurança, tornando indispensável a integração interpessoal e emocional.
Programas de bem-estar, acompanhamento psicológico e exercícios de simulação com cenários reais são práticas recomendadas para desenvolver essa dimensão comportamental da brigada.
Simulados periódicos promovem a integração da brigada com usuários, validam as rotas de escape e testam o funcionamento dos sistemas contra incêndio. Na operação, a brigada deve atuar como coordenadora e analista dos acontecimentos para detectar falhas e propor ajustes.
Essas informações alimentam a revisão do PPCI e do PSCIP, garantindo a atualização constante do plano conforme alterações físicas, de ocupação e ao longo do tempo, mantendo o sistema eficiente e aderente às normas.
O engajamento da brigada contribui para que os estudos de engenharia de segurança considerem as realidades práticas do local, elevando a eficácia das medidas implantadas, como melhorias nas vias de escape, ajustes em equipamentos e reforço na sinalização.
Entender e valorizar essa integração entre teoria, prática e comportamento fortalece toda a gestão da segurança contra incêndios no âmbito da edificação.
Com a capacitação consolidada, as atribuições da brigada cobrem também os aspectos administrativos e de interface institucional.
Para manter a transparência e a comprovação do cumprimento das obrigações da brigada, é imprescindível o registro escrito de todas as ações realizadas. Isso inclui eventos de combate, inspeções periódicas, treinamentos, irregularidades detectadas, manutenções solicitadas e exercícios simulados.
Esse histórico torna-se documento fundamental para auditorias internas, fiscalização pelo Corpo de Bombeiros e revisões do PPCI, além de servir como base para análises de melhoria contínua.
Os registros também facilitam o acompanhamento do desempenho individual e coletivo, permitindo identificar necessidades específicas de reciclagem ou reforço de procedimentos.
Quando acionado, o Corpo de Bombeiros depende do apoio da brigada para obter informações sobre o local, intensidade do fogo, número de pessoas no prédio, pontos críticos e condições dos sistemas de segurança. A brigada deve fornecer essas informações de forma rápida e precisa, encaminhar equipes voluntárias para auxiliar, e abrir caminhos seguros para o acesso dos bombeiros.
A cooperação entre brigada e bombeiros reduz o tempo de resposta e aumenta a eficácia das ações externas, refletindo diretamente na preservação da vida e do patrimônio.
A brigada é responsável também por informar a gestão da edificação sobre as condições dos sistemas de incêndio, demandas de manutenção e resultados dos simulados. Essa comunicação deve ser objetiva e técnica, apoiando a tomada de decisão administrativa para investimentos, políticas internas e correções de procedimentos.
Além disso, cabe à brigada promover campanhas de conscientização dos usuários, esclarecendo sobre riscos, regras de segurança e envolvimento desejado, fomentando uma cultura organizacional proativa.
Este alinhamento informal e formal entre brigada, corpo técnico, gestores e usuários cria um ambiente colaborativo e preparado para emergências.
Reconhecendo essas dimensões administrativas, a próxima seção traz importantes considerações sobre os desafios e problemas que as atribuições da brigada de incêndio ajudam a resolver.
Um dos maiores desafios em situações de incêndio é o comportamento humano. Pessoas tendem a entrar em pânico, provocar tumultos ou fugir por rotas inadequadas, agravando incidentes e aumentando vítimas. A brigada, ao atuar de forma organizada e treinada, funciona como fator moderador, controlando o ambiente e guiando as evacuações de forma estruturada.
Essa intervenção segura evita acidentes secundários, atropelamentos e possibilita o atendimento rápido às vítimas, possibilitando também o resgate de pessoas em locais de difícil acesso.
Equipamentos inadequados ou em condição imprópria comprometem toda a estratégia de combate e evacuação. A brigada, por meio de inspeções contínuas, evita paralisações do funcionamento do sprinkler system, extintores vazios, falhas em rede de hidrantes ou sinalização apagada, que poderiam inviabilizar a resposta à emergência.
Além disso, esse controle reduz custos com manutenções corretivas emergenciais e amplia a vida útil dos sistemas instalados.
A legislação brasileira, por meio da NR 23 e determinações locais do Corpo de Bombeiros, torna o responsável pela edificação legalmente obrigado a manter a brigada treinada e atuante, com registro de suas ações. Falhas podem ensejar multas, interdições e até responsabilização criminal em caso de acidentes graves.
O cumprimento diligente das atribuições da brigada minimiza passivos legais, fortalece a imagem institucional e contribui para melhores condições de contratação e redução de custos de seguros específicos.
Atuar antes da chegada do Corpo de Bombeiros e gerenciar a emergência localmente diminui o tempo de interrupção das atividades e o grau de destruição do patrimônio. Isso protege estratégias de continuidade de negócio e reduz perdas financeiras diretas e indiretas, como perda de clientes ou processos de indenizações.
Os protocolos definidos pela brigada também melhoram a comunicação interna e externa, fortalecendo planos de contingência e planos de emergência.
Entender esses desafios permite valorizar o papel estratégico da brigada dentro do sistema integrado de combate a incêndios e proteção da edificação.
Compreendida esta dimensão, o último A5S gestão de emergências tópico apresenta uma síntese prática para ajudar na adoção e reforço das atribuições da brigada.
Para implantar e manter uma brigada de incêndio eficaz, definida segundo as atribuições da brigada de incêndio regulamentadas, recomenda-se seguir os seguintes passos práticos:
Seguindo essas orientações, a brigada potencializa sua capacidade de preservar vidas, resguardar o patrimônio e assegurar a conformidade legal da edificação, convertendo obrigações normativas em resultados práticos e tangíveis para a organização.