October 5, 2025

Reforma apartamento condomínio: aumente o valor e evite multas

Reforma apartamento condominio é uma decisão que envolve técnica, regulamentação e gestão humana; feita corretamente, transforma espaços, aumenta funcionalidade, reduz custos de manutenção e valoriza o imóvel. Proprietários enfrentam dores recorrentes: incompatibilidade com normas do condomínio, riscos estruturais e elétricos, atrasos, custos inesperados e transtornos para vizinhos. Este conteúdo explica, com base em práticas recomendadas, normas ABNT e responsabilidade técnica junto ao CREA, cada etapa da obra — do diagnóstico ao pós-entrega — para que a reforma entregue resultados duráveis, seguros e com retorno financeiro.

Antes de avançar para o desenvolvimento dos temas, é importante alinhar expectativas: cada seção a seguir funciona como um mini-guia prático. A leitura permitirá identificar quais documentos solicitar, quais riscos mitigar, como escolher materiais e profissionais e como planejar a convivência condominial durante a execução.

Planejamento e diagnóstico inicial

Entrar na obra sem diagnóstico é a principal causa de surpresas e custos extras. Planejar adequadamente transforma incertezas em decisões objetivas.

Levantamento técnico detalhado

O primeiro passo é o levantamento técnico: vistorias que identificam estrutura, prumadas hidráulicas e elétricas, patologias e condições de revestimentos. Recomenda-se contratar um profissional habilitado (engenheiro ou arquiteto) para emitir laudo inicial. Esse documento deve registrar trincas, infiltrações, deslocamento de cargas e discrepâncias entre plantas e situação existente. Benefício prático: evita demolições desnecessárias e previne danos a instalações ocultas.

Documentação necessária e regras condominiais

Reformas em apartamento dependem de autorização do condomínio e conformidade com o regulamento interno. Solicite: ata de autorização (se exigida), regimento interno, tabela de horários permitidos para execução de ruído, e regras sobre uso do elevador de serviço. Consultar a convenção e o síndico evita multas e embargos. Em obras que alterem fachada, estrutura ou prumadas coletivas, será exigida aprovação em assembleia. Benefício: segurança jurídica e redução de conflitos com vizinhos.

Definição de objetivos e escopo

Estabelecer objetivos claros — valorização do imóvel, aumento de área útil sem alterar planta legal, modernização de instalações, acessibilidade — orienta escolhas de projeto e investimento. Definir o escopo previne adições não planejadas que elevam custos. Documente o escopo em memorial descritivo contendo itens como demolição, instalações, revestimentos, marcenaria, louças e metais.

Orçamento preliminar e estudo de viabilidade

Com o escopo definido, elabore orçamento preliminar incluindo: custos diretos (materiais, mão de obra), indiretos (transporte, elevador de serviço, taxas condominiais extras), e provisão para imprevistos (normalmente 10% a 20%). Faça comparações entre propostas e prefira detalhamento por itens. Benefício: tomada de decisão informada e redução de risco financeiro.

Com o diagnóstico e escopo prontos, o próximo passo é traduzir ideias em projeto e garantir conformidade técnica e legal.

Projeto e regulamentação

Um projeto bem elaborado é a espinha dorsal da reforma: reduz retrabalhos, assegura compatibilização entre disciplinas e formaliza responsabilidades técnicas perante o CREA e o condomínio.

Projeto arquitetônico e executivo

O projeto arquitetônico define layout, circulação, posições de móveis e a relação entre ambientes. O projeto executivo detalha cortes, elevações, especificações de acabamentos e pontos de elétrica e hidráulica. Benefícios: previsibilidade, eficiência no uso do espaço e melhor custo-benefício na escolha de materiais. Para reformas que alteram plantas, apresente plantas as-built (estado atual) e projeto proposto, com destaque para mudanças em paredes não estruturais.

ART, responsabilidade técnica e registro no CREA

Toda obra deve ter ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) ou RRT para arquitetos, registrando o responsável técnico no CREA/CAU. A ART formaliza quem responde pelo projeto e execução, essencial para aspectos legais e seguros. Em caso de danos a terceiros ou problemas estruturais, a responsabilidade técnica é elemento central. Benefício: segurança jurídica, garantia de fiscalização técnica e cumprimento das normas.

Compatibilização entre disciplinas

Compatibilizar projetos elétrico, hidráulico, de ar-condicionado, de exaustão e de marcenaria evita interferências construtivas. A compatibilização define trajetos de tubulações, shafts, alturas de forro e localizações de caixas técnicas. Use reuniões de projeto para resolver conflitos antes da obra. Benefício prático: redução de retrabalho, economia e fluidez na execução.

Normas ABNT aplicáveis e conformidade

Seguir normas ABNT é obrigatório para garantir segurança e desempenho. Entre normas essenciais para reformas em apartamentos destacam-se: NBR 6492 (representação de projetos), NBR 15575 (desempenho de edificações habitacionais), NBR 5410 (instalações elétricas de baixa tensão), NBR 5626 (instalações prediais de água fria), NBR 8160 (instalações prediais de esgoto sanitário), NBR 9050 (acessibilidade) e NBR 9575 (impermeabilização). Cumprir essas normas reduz riscos de falhas, ações judiciais e desvalorização do imóvel.

Após consolidar projeto e obter autorizações, o próximo desafio é definir materiais e acabamentos que atendam funcionalidade, estética e durabilidade.

Escolha de materiais e acabamentos

Materiais definem desempenho e custo de manutenção. A seleção técnica adequada alia estética, durabilidade e facilidade de manutenção, impactando diretamente no retorno do investimento.

Pisos e revestimentos: critérios técnicos

A escolha do piso deve considerar tráfego, impacto acústico e compatibilidade com a base. Para áreas sociais, porcelanato de baixa absorção e alta resistência é comum; para dormitórios, piso vinílico ou madeira tem vantagem térmica e conforto. Em áreas molhadas, prefira cerâmica ou porcelanato com junta adequada e aplicação de impermeabilização nas áreas molhadas conforme NBR 9575. Atenção ao coeficiente de atrito em ambientes externos e sacadas. Benefício: durabilidade, redução de manutenção e melhora na percepção de qualidade do imóvel.

Revestimentos de parede e pintura

Para evitar infiltrações e manchas, aplicar tratamento nas paredes de áreas molhadas e usar primers e selantes adequados. Em fachadas internas, tintas acrílicas de boa qualidade reduzem necessidade de repintura. Em banheiros, considere paredes com revestimento cerâmico até a altura compatível com o uso. Benefício: acabamento mais durável e higiene facilitada.

Esquadrias, portas e vedações

Esquadrias impactam iluminação, ventilação e desempenho acústico. Verifique vãos reais antes da fabricação e prefira produtos com certificado de desempenho e garantia do fabricante. Portas corta-fogo e de saída exigem conformidade normativa quando aplicável. Benefício prático: conforto térmico/acústico e redução de infiltrações.

Marcenaria sob medida: planejamento e tolerâncias

A marcenaria customizada maximiza aproveitamento de áreas pequenas, mas exige projeto detalhado e medidas precisas. Defina materiais (MDP, MDF, carvalho, lâminas), ferragens (corrediças, dobradiças), folgas para ventilação de eletrodomésticos e tolerâncias de instalação. Recomendação: pré-fabricação com aprovação de protótipo antes da instalação final. Benefício: ganho de funcionalidade, estética integrada e otimização de espaços.

Sustentabilidade e eficiência energética

Investimentos em iluminação LED, torneiras com arejadores, válvulas economizadoras e eletrodomésticos com selo Procel reduzem custos operacionais. Considere recuperação de água de chuva para uso em áreas comuns se o condomínio permitir. Materiais com certificação ambiental reduzem impacto e agregam valor ao imóvel. Benefício: economia contínua de despesas e apelo a compradores conscientes.

Com materiais definidos, a obra avança ao gerenciamento prático do canteiro, que no caso de apartamentos exige atenção especial à logística e convivência.

Gerenciamento da obra e convivência condominial

Obras em condomínio exigem disciplina de gestão e comunicação eficiente para minimizar incômodos e riscos legais.

Cronograma, logística e acesso

Elabore cronograma detalhado com entregas semanais, marcos e janelas para atividades ruidosas. Planeje o uso do elevador de serviço, dias de entrega de materiais volumosos e descarte de entulho. Coordene com a administração para autorizações de uso de áreas comuns e eventuais taxas. Benefício: previsibilidade que reduz conflitos e retrabalhos.

Comunicação com síndico e vizinhos

Informar com antecedência o cronograma de ruídos e horas de trabalho é prática essencial. Afixe comunicados e mantenha canal direto com o síndico. Procedimentos simples como folhear horários de trabalho e avisos para interrupção de água evitam reclamações. Benefício: convívio harmônico e menores chances de autuação.

Controle de ruído, poeira e segurança

Adote práticas para controle de poeira (proteção de shafts de ventilação, lonas, vassouras industriais), e limite trabalhos ruidosos aos horários permitidos pela convenção. Garanta EPCs e EPIs para trabalhadores, sinalização de trânsito no hall de entrada e isolamento para quedas de material. Benefício: saúde ocupacional, proteção de bens do condomínio e conformidade com regras locais.

Fiscalização técnica e indicadores de qualidade

Implemente checklists diários e vistorias técnicas em etapas críticas: antes de cobrir tubulações hidráulicas, após execução de elétrica, após colocação de contrapiso e impermeabilização. Registre fotos e relatórios técnicos assinados pelo responsável. Benefício: rastreabilidade, garantia da qualidade e base para soluções de garantia.

Durante a execução técnica existem etapas que exigem maior atenção por risco ou impacto no funcionamento do apartamento.

Execução por sistemas: demolições, instalações e acabamentos

Entender a sequência lógica das atividades por sistema reduz conflitos e garante desempenho: demolição, instalações, revestimentos, forros e acabamentos finais.

Demolições e cuidados estruturais

Confirmar se paredes são estruturais com análise do projeto e, se necessário, laudos. Demolições em paredes com cargas exigem projeto estrutural e execução por empresa especializada. Evite romper prumadas coletivas e vigas. Benefício: segurança estrutural e prevenção de danos a terceiros.

Instalações elétricas: segurança e dimensionamento

As instalações elétricas devem seguir NBR 5410. Dimensione circuitos, tomadas e quadro de força conforme demanda prevista pelo projeto, considerando ar-condicionado e eletrodomésticos. Instale dispositivos de proteção (DR - diferencial residual, disjuntores termomagnéticos) e identifique quadros. Planeje eletrodutos e caixas para facilitar alterações futuras. Benefício: segurança, redução de sobrecargas e facilidade de manutenção.

Hidráulica e esgoto: prumadas e pontos críticos

Siga NBR 5626 e NBR 8160 para projeto e execução. Verifique altura das prumadas, pontos de ventilação e acessos a caixas e registros. Em substituição de registros embutidos, prefira soluções com acesso de manutenção. Teste pressão, estanqueidade e execute ensaios antes do fechamento de paredes. Benefício: prevenção de vazamentos e acesso facilitado para intervenções.

Impermeabilização e áreas molhadas

Impermeabilize áreas molhadas (banheiros, sacadas, lajes) conforme NBR 9575. Escolher sistemas compatíveis com o substrato (manta, membrana líquida, argamassa polimérica) e garantir detalhamento em transições e ralos. Execute teste de estanqueidade por 72 horas onde aplicável. Benefício: elimina risco de infiltrações, manchas em unidades inferiores e processos judiciais.

Forros, gesso e sistemas de climatização

O forro define passagem de instalações e isolamento acústico. Escolha materiais conforme resistência à umidade. Para ar-condicionado, preveja condensadoras em locais técnicos e planeje drenos com saída adequada. Verifique cargas e vibrações que possam transmitir ruído. Benefício: conforto acústico e acabamento estético integrado.

Acabamentos finais e comissionamento

Após revestimentos e pintura, execute limpeza técnica e comissionamento: verificação de funcionamento de tomadas, iluminação, torneiras, registros, e teste de estanqueidade. Entregue manual de operação de sistemas instalados e termo de aceitação. Benefício: recepção organizada e redução de chamados pós-obra.

Além da execução técnica, aspectos contratuais e de garantia sustentam a segurança do investimento e definem responsabilidades entre as partes.

Custos, contrato e garantia

Um contrato bem redigido e claros critérios de garantia reduzem litígios e resguardam o resultado da reforma.

Cláusulas essenciais do contrato

Inclua no contrato: definição do escopo detalhado, cronograma com marcos, forma de medição e pagamento, responsabilidades por materiais e mão de obra, penalidades por atraso e procedimentos para aditivos. Preveja normas de convivência e responsabilidades por danos a áreas comuns. Benefício: previsibilidade e base legal para resolução de conflitos.

Formas de pagamento e gestão financeira

Prefira pagamento por etapas vinculadas ao progresso físico (pagamento em medição), evitando adiantamentos excessivos. Mantenha registro de notas fiscais e comprovantes. Inclua provisão para imprevistos no orçamento. Benefício: controle de fluxo e maior disciplina financeira.

Garantias e assistência pós-obra

Exija no contrato garantia para itens executados e especifique prazos e critérios de atendimento (por exemplo: correções de pintura por X meses, instalações hidrossanitárias por Y meses). A responsabilidade técnica documentada na ART é base para solução de problemas técnicos. Benefício: proteção do proprietário contra defeitos e suporte técnico formalizado.

Recebimento final e lista de pendências

Formalize o recebimento com checklist, fotos e assinatura de termo de entrega. Registre pendências para correção em prazo estipulado. Após a correção, faça nova vistoria e assine o termo de aceite definitivo. Benefício: encerramento claro do contrato e minimização de retrabalhos.

Para concluir, reúno aqui os pontos essenciais e próximos passos práticos para quem pretende iniciar uma reforma em apartamento de condomínio.

Resumo e próximos passos práticos

Resumo conciso: Reforma em apartamento de condomínio exige diagnóstico técnico, projeto compatibilizado, conformidade com ABNT e registro de responsabilidade técnica junto ao CREA, escolha criteriosa de materiais, gerenciamento rigoroso do canteiro e contrato detalhado com garantias. Cada etapa reduz riscos: o projeto evita retrabalhos; a ART formaliza responsabilidades; a impermeabilização e instalações executadas conforme normas protegem contra infiltrações e avarias; o cronograma e a comunicação preservam a convivência condominial.

Próximos passos acionáveis:

  • Contratar um profissional habilitado para vistoria inicial e emissão de laudo.
  • Reunir documentação do condomínio (regulamento, horários, necessidade de autorização) e solicitar formalmente as permissões.
  • Definir objetivos claros (valorização, funcionalidade, acessibilidade) e elaborar o projeto arquitetônico e executivo.
  • Registrar ART ou RRT do responsável técnico no CREA/CAU antes do início dos trabalhos.
  • Obter orçamentos detalhados e comparar propostas com base no escopo; prever reserva para imprevistos (10–20%).
  • Assinar contrato com cláusulas de escopo, cronograma, forma de pagamento, penalidades e garantias.
  • Planejar logística (elevador de serviço, entrega de materiais, descarte) e comunicar síndico e vizinhança.
  • Executar fiscalização técnica por etapas críticas: estruturas, prumadas, impermeabilização e instalações.
  • Conduzir testes finais (eletricidade, estanqueidade, funcionamento de equipamentos) e elaborar checklist de aceitação.
  • Formalizar garantia escrita e organizar documentação de manutenção e manuais para o novo proprietário ou moradores.

Seguir este roteiro técnico e prático reduz imprevistos, preserva o patrimônio e entrega resultados que valorizam o imóvel e melhoram a qualidade de vida. A reforma bem gerida é um investimento: protege contra custos futuros, amplia funcionalidade e maximiza o retorno econômico e emocional do espaço.

Pesquisadora de inovação que identifica padrões antes que virem mainstream.